19/10/2020

o desamparo e o rio

 

(sementes)

"Vou na ribeira do rio

Que está aqui ou ali,

E do seu curso me fio,

Porque, se o vi ou não vi.

Ele passa e eu confio."


Fernando Pessoa


É na experiência do desamparo que a proximidade da relação se torna imperdoável. E é também na experiência do desamparo que a separação se torna insuportável. A proximidade relembra-o e a separação revisita-o. A ideia de dependência é banida e a independência é fugitiva. 

E se o rio for a ponte? A travessia? Entre dois mundos. Pois se o amparo está na terra, o encontro faz-se na água. Na relação. Na relação que acolhe, suporta e espelha a possibilidade do paradoxo e da contradição aparente. É na água que fluem as emoções e que o olhar se sustenta e é na água que, com o amparo das margens, encontramos amorosamente a possibilidade do colo. 

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21/05/2020

as senhoras com capuzes de cor púrpura

(quando te vejo a Ti Natureza, vejo a nossa)
(sobre a ancestralidade)

"Era preciso agradecer às flores
Terem guardado em si,
Límpida e pura,
Aquela promessa antiga
Duma manhã futura."

(in "Manhã Futura" de Sophia de Mello Breyner Andreson)



As “campainhas” guardam segredos em cachos de cor púrpura. Sussurram umas às outras linhas de memórias e matizes de cura que a geração anterior foi pintando a óleo. 

Mas se nos formos aproximando devagarinho e com gentileza, podemos ouvir os segredos que passam delicadamente de mão em mão. Com luvas de raposa. 

Estendem-se em altura, em direção à eternidade do céu e à profundidade do solo, como uma árvore genealógica viva, vibrante e solene. Capuzes de feiticeiras. Toucas de sacerdotisas. 
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17/05/2020

consultas de raiz





"Abre-te Primavera!
Tenho um poema à espera
Do teu sorriso."

(in "Agora" de Miguel Torga)



Porque a nossa missão é contribuir para a vivência integrada das experiências de perda inerentes à vida, às relações e ao desenvolvimento humano, as Histórias de Raiz estão, a partir Braga e Lisboa e até qualquer parte do mundo, para te acompanhar na tua história

Porque acreditamos que a intervenção psicológica é um processo que deve ser vivido numa relação de confiança, re-lembramos que o encontro se faz em nós mesmos. Com príncipio, meio e fim. E com "era uma vez..." 

Para que o re-encontro possa acontecer.

Porque acreditamos também que os caminhos de cura precisam de ser colectivos e integrados, re-lembramos que o encontro se faz com o outro. No outro que também é a natureza viva que habita fora e dentro de nós. 

Para que possamos ser semente de transformação e de esperança.

Saiba aqui como entrar em contacto connosco.
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11/10/2019

uma coruja chamada Francisco



(histórias com raiz e com alma)
(inspiradas em casos clínicos)



"Durante os dias, semanas e meses seguintes, os animais recordaram inúmeras 
histórias sobre a Raposa.
Os seus pesados corações começaram a ficar mais leves.
Quanto mais a recordavam, mais a árvore crescia, cada vez mais alta e cada vez mais bonita, 
até se  tornar na mais alta da floresta. 
Uma árvore feita de recordações e cheia de amor."
Britta Teckentrup, A Árvore das Recordações


O inverno tinha chegado. Tinha vindo para ficar. Acompanhado pelas brumas com as quais o passado se adorna e pelos tons que o cinzento gosta de ter. E tudo gelou. E tudo parou. E tudo se perpetuou no tempo. Maria tem 75 anos. A expressão delicada e emaranhada de um floco de neve. O cabelo vestido de branco, bordado com o fio de prata que um dia a lua emprestou. A companhia de uma coruja. Branca e sensata. Guardiã de memórias e de histórias por contar. O inverno tinha vindo para ficar e as gotinhas salgadas que tinham insistido em percorrer o rosto de Maria, tinham gelado. Parado, tinham se perpetuado no tempo. Suspiros suspensos no ar arrefecido da madrugada.
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03/10/2019

a amora silvestre


(histórias com raiz e com alma)
(inspiradas em casos clínicos)


(...) uma pessoa em contacto com Artemis/Diana torna-se uma parte, 
não consciente de si, da natureza, integrando-se nela e 
formando uma só com ela nessas momentos.”
J. Shinoda Bolen, As Deusas em cada Mulher


Diana era comparável a uma amora silvestre. Para alguns, brava demais. Para outros, delicada demais. Mulher menina. Maria-rapaz. Descalça. Cabelo ao vento, joelhos esfolados. Pertencendo à terra rochosa e ao elemento ar, aquilo que mais ambicionava era ganhar asas, e aquilo que mais receava eram, afinal, as asas que já eram suas. Tinha 39 anos. Tinha voado mais alto do que lhe tinha sido permitido. Tinha-se reconstruído mais vezes do que acreditava ser possível. Tinha voado também para longe. Mas a memória do corpo era como um clip na asa e Diana era pássaro e era amarra.
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27/09/2019

as sombras da floresta


(histórias com raiz e com alma)
(inspiradas em casos clínicos)


'Second to the right', said Peter , 'and then straight on til morning.'
J.M. Barrie, Peter Pan



O Pedro cresceu. Tem agora 21 anos. Hoje ninguém o conhece como Peter Pan. Com o nome perdeu também a bússola. Sentia-se mais perdido do que nunca. Pois, a Terra do Nunca tinha ficado muito para trás, longínqua e distante. Vaga memória. O Pedro estava perdido. Numa floresta. Sombria. O único mapa que tinha consigo tinha-lhe sido dado pelo pai fazia já muito tempo. Experimentava usá-lo. Mas cada caminho que o mapa lhe indicava e cada recanto que encontrava, escondido, estava coberto, não só de musgo, mas também de sombras. Percebia agora que o mapa fora desenhado para encontrar, unicamente, sombras. Sombras de si, sombras da floresta. Sombras que lhe diziam sempre a mesma coisa: “És uma desilusão”. E de cada vez que o eco das sombras ressoava, o Pedro sentia-se, mais e mais, perdido. Mais perdido, mais inútil e mais incapaz. As sombras invadiam-lhe o coração. O amor que alguma vez tinha sentido por si ia-se desvanecendo. Na penumbra da floresta.

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16/09/2019

ciclos da vida, ciclos da natureza


(psicoterapia pela nossa natureza)

"No ciclo eterno das mudáveis coisas
Novo inverno após novo outono volve
À diferente terra
Com a mesma maneira."
Ricardo Reis



O que são os Ciclos da Vida, Ciclos da Natureza?

São sessões que aliam o desenvolvimento pessoal à expansão para além de nós, através do encontro com o outro, com a comunidade, com todos os seres vivos e com o ecossistema. Vivemos assim um ciclo completo em direção a um mundo renovado. Um ciclo que é composto por 8 sessões e que decorre ao longo de 2 meses. Cada grupo integra 4 participantes.

A Ecopsicologia como paisagem de fundo

A cura individual, a cura interpessoal e a cura do ecossistema são uma e uma só, são indissociáveis e interdependentes.


Os fundamentos

Promove e desenvolve a saúde mental, o tecido comunitário e a consciência ecológica, contribuindo para uma vida sustentável e sustentada, dotada de sentido e integrada na ação. Uma ação dirigida à preservação do planeta e à construção de uma teia humana tecida no respeito mútuo, na empatia e na compaixão.


As sessões

Sessão 1. Ar e Água – INICIAR

Sessão 2. Terra e Fogo – ENRAIZAR

Sessão 3. Malmequer – SENTIR

Sessão 4. Borboleta – PREPARAR

Sessão 5. Esperança – DESPERTAR

Sessão 6. Abundância – GERMINAR

Sessão 7. Imaginação – BRINCAR

Sessão 8. Futuro – AVANÇAR


O lugar

Em Braga. No Histórias de Raiz. 
Praça do Município, nº68, 1º andar

A forma

Frequência semanal
2 ½  horas por sessão
8 sessões por cada ciclo
4 pessoas por grupo
Indoors e outdoors
Poderão ser disponibilizadas sessões individuais, caso necessário e no sentido de contribuir à integração de aspetos vivenciados durante o ciclo


Horários

A divulgar em breve.

Mais informações e inscrições

historiasderaiz@gmail.com
(+351) 963 024 423 (Ana Sevinate)




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